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A história que não se apaga: o nascimento do maior festival de pesca do mundo

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Apesar das transformações ao longo dos anos — com novos formatos, propósitos e uma dimensão impensável nos anos 80 — o ROTA CACERENSE, resgatou a matéria do Jornal Oeste resgata uma reportagem especial produzida originalmente pelo Jornal Correio Cacerense, que conta a verdadeira história do Festival Internacional de Pesca de Cáceres. Um resgate necessário para preservar a autenticidade e a essência desse evento que se tornou referência mundial. O modesto Festival do Peixe, como foi inicialmente chamado, hoje se consolida como o maior evento do gênero no planeta, realizado no coração do maior santuário ecológico da Terra: o Pantanal Mato-grossense.

Tudo começou em 1979, quando o técnico em eletrônica Aderbal Michelis (in memorian), durante uma visita à cidade de Barra do Bugres para prestar assistência técnica a uma torre de TV e rádio amador, viu um cartaz promovendo uma gincana de pesca. A iniciativa era coordenada por Adelino Ferreira, conhecido como Pirangueiro, com apoio da prefeitura local.

Apaixonado pela pesca, Aderbal inscreveu uma equipe com seu pai, Bertolino Michelis (in memorian), e seu filho Adilson Michelis. No entanto, como Adilson tinha apenas 13 anos e não pôde participar, foi substituído pelo jornalista do Correio Cacerense Luizmar Faquini, fato que deixou Aderbal contrariado. Ainda assim, ele e Adelino criaram uma amizade sólida e decidiram levar a ideia do festival para Cáceres.

Com o apoio do então prefeito Ivo Scaff, nasceu em 1980 o Festival do Peixe de Cáceres, fruto do entusiasmo e dedicação de Aderbal, Adelino e da comunidade local. Na 1ª edição, participaram 72 pescadores na categoria embarcada e 55 crianças na pesca infantil. Foram 12 horas de prova, sem área delimitada, resultando na captura de 123 kg de pescado servidos em um jantar de confraternização.

O sucesso levou à segunda edição, em 1981, onde o torneio começou a atrair visitantes de outros estados. Naquele ano, Aderbal fisgou um jaú de 37 kg, marcando o evento.

Em 1982, passou a se chamar Torneio Internacional de Pesca, devido à participação de equipes estrangeiras. O crescimento foi constante. Em 1984 e 1985, o torneio aderiu às regras da CBPDS (Confederação Brasileira de Pesca e Desportos Subaquáticos), profissionalizando a competição com provas de 24 horas.

Em 1985, a CBPDS homenageou Orfélia Michelis (in memorian), esposa de Aderbal, como Coordenadora Oficial do Torneio. Aderbal, por sua vez, recebeu o título de Patrono do Torneio.

Nesse mesmo período, o evento ganhou seus primeiros patrocinadores, como o Banco Itaú, e passou a contar com equipes femininas, incluindo as filhas de Aderbal, Rosane e Triana Michelis, e a amiga Simone Valéria, depois substituída pela sobrinha Marimar Michelis.

Em 1992, o torneio sediou o Campeonato Brasileiro de Pesca, com vitória do trio feminino Rosane, Triana e Marimar — o primeiro da história a conquistar o título em águas doces no Brasil. Nesse mesmo ano, o torneio entrou para o Guinness Book com 190 embarcações, consolidando-se como recorde mundial.

A partir de 1993, o evento passou a se chamar oficialmente Festival Internacional de Pesca de Cáceres (FIPe), desvinculando-se da CBPDS. Com isso, regras foram reformuladas, como a valorização de espécies nobres, e a definição da área de pesca passou a ser feita por sorteio, revelada apenas no momento da largada.

A preservação ambiental tornou-se prioridade. Desde 1997, implantou-se o sistema Pesque e Solte, com medição e pesagem dos peixes, devolvendo-os ao rio vivos. Em 1998, o FIPe recebeu equipes da Bolívia, EUA, França, México e Itália, além de implantar o tagueamento de peixes — técnica de marcação para estudos científicos.

Em 2000, o FIPe se expandiu para o lado cultural com oficinas de artesanato, dança, cerâmica e muito mais. Participaram 2.912 pescadores — sendo 1.502 crianças e 1.410 adultos, formando 470 equipes. Em 2001, o número de inscrições foi limitado devido ao baixo nível do rio, demonstrando a preocupação com o impacto ambiental.

A cada ano, o festival cresceu em estrutura, visibilidade e responsabilidade socioambiental, chegando agora, em 2025, à sua 42ª edição com uma campanha ainda mais firme em defesa do Rio Paraguai e seus afluentes.

O FIPe, sonhado por Aderbal Michelis e Adelino Pirangueiro, tornou-se um evento internacionalmente reconhecido, gerando emprego, turismo e visibilidade para a cidade de Cáceres, a querida Princesinha do Paraguai.

O nome de Aderbal, falecido em 1985, continua presente em cada edição. Sua dedicação ao lazer, à natureza e à cidade permanece viva e inspiradora para todas as gerações. Fonte: Jornal Oeste Imagens: fipe.caceres.mt.gov.br/


 
 
 

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