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A Última Tourada de Cáceres: memórias de uma cidade em festa

Imagem: RD NEWS - Tourada em Cuiabá
Imagem: RD NEWS - Tourada em Cuiabá

Antes do asfalto e da modernidade tomarem conta de Cáceres, havia um tempo em que a poeira das ruas, o som das bandas e o brilho das festas religiosas se misturavam à emoção das touradas. Durante as comemorações do Divino Espírito Santo e São Benedito, o povo cacerense se reunia em torno de um dos espetáculos mais empolgantes da época: a tourada, realizada no coração da cidade — no local onde hoje se encontra a Praça Duque de Caxias.

O cenário era montado com esmero. Um grande curral circular era erguido no centro, cercado por palanques e camarotes que abrigavam os espectadores. Ali, entre aplausos e gritos, os touros entravam em cena, conduzidos por vaqueiros destemidos e animados capinhas que faziam a alegria da multidão.

A última tourada registrada em Cáceres aconteceu nos dias 14 e 15 de maio de 1940, segundo o jornal A Razão. O evento fazia parte da tradicional programação das festas do Divino Espírito Santo, que começavam dias antes com missas, esmolas, procissões e bailes. Era um tempo em que a fé e a diversão caminhavam lado a lado, unindo toda a comunidade como se fosse uma grande família.

Os relatos preservados na obra Memória Cacerense (Cuiabá: Ed. Carlini & Caniato, 1998) trazem a lembrança vívida daquele cortejo vibrante: toureiros montados em fogosos cavalos, vestindo camisas vermelhas, calças brancas e chapéus adornados com fitas coloridas. Nomes como João Maurício, Jacuba, Herculano — o Menino de Ouro, Manezinho, Militão e tantos outros ecoavam na arena, saudados por uma plateia entusiasmada.

Enquanto a elite local lia literaturas estrangeiras e desfrutava de artigos de luxo, a cidade ainda vivia entre a poeira, a lama e o gado pastando pelas ruas. Mesmo assim, as touradas e as cavalhadas uniam ricos e pobres em um mesmo espírito festivo, mostrando o quanto a vida cultural de Cáceres sempre foi marcada pela coletividade e pela celebração.

Hoje, o espaço que abrigava o antigo curral é a Praça Duque de Caxias, um dos cartões-postais da cidade. Passando por ali, poucos imaginam que aquele chão já foi palco de gritos, risadas e do tilintar de esporas — ecos de um tempo em que Cáceres respirava tradição, coragem e alegria.

As touradas se foram, mas a memória daquele espetáculo popular continua viva, preservada nas páginas da história e no coração de quem viu ou ouviu falar da “última tourada cacerense”.


Fontes:

  • Memória Cacerense, Cuiabá: Ed. Carlini & Caniato, 1998.

  • Blog “Conhecendo a História de Cáceres – São Luiz de Cáceres” (Silvio Alexandre de Menezes, 2012).

 
 
 

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