Cemitério São João Batista: Morada Eterna das Memórias de Cáceres
- rota cacerense
- 23 de out.
- 2 min de leitura

Em meio às ruas tranquilas de Cáceres, há um lugar onde o tempo parece repousar em silêncio: o Cemitério São João Batista. Mais do que um espaço de despedidas, ele é um verdadeiro relicário da história local, guardando os nomes, os feitos e as saudades de personalidades que moldaram a identidade da cidade.
Fundado em 1860 pela família Pereira Leite, proprietária da antiga Fazenda Jacobina, o São João Batista é o primeiro cemitério da cidade. Localizado na antiga Travessa Jacobina, caminho que ligava Cáceres a Cuiabá no século XIX, o terreno foi doado com o propósito de abrigar os restos mortais dos moradores da então Vila Maria. Os primeiros sepultamentos foram justamente de membros da família fundadora, incluindo o Major João Carlos Pereira Leite, cujo mausoléu ainda hoje ocupa lugar de destaque.

A antiga capela do cemitério, construída no século XIX, foi demolida por questões estruturais. Em seu lugar, ergueu-se em 1966 uma nova capela-monumento, projetada pelo engenheiro Arnolds Martins Wilmes (Mack), sob a gestão do então prefeito Dr. José Rodrigues Fontes. Inaugurada em 2 de novembro, Dia de Finados, a construção tornou-se símbolo da fé e respeito do povo cacerense por seus antepassados.
Em relatório apresentado à Câmara Municipal em 1922, o vice-intendente João de Albuquerque Nunes descreve o estado precário do cemitério após fortes chuvas, destacando a necessidade urgente de reformas e ampliação. A falta de registros e a desorganização dos sepultamentos eram preocupações sérias, levando à criação de um livro de registros em 1923 e à instalação de placas numeradas para identificar as sepulturas.
Esses documentos revelam não apenas o cuidado com a estrutura física, mas também o valor simbólico do cemitério como “último abrigo dos despojos de nossos entes queridos”, como escreveu o administrador Adolpho Frederico Josetti.
O São João Batista é morada eterna de figuras ilustres da história cacerense. Além do Major João Carlos Pereira Leite, repousam ali líderes políticos, educadores, pioneiros e cidadãos que contribuíram para o desenvolvimento da cidade. Cada túmulo é uma página da história local, cada nome uma lembrança viva.
Mais do que um local de luto, o cemitério é um espaço de contemplação e conexão com o passado. Como bem define o texto de 1961, “cemitério quer dizer simplesmente dormitório... dormir é descanso, repouso, paz”. É um lugar onde o silêncio fala alto e a oração une vivos e falecidos em um elo de respeito e memória.
Visitar o Cemitério São João Batista é mergulhar na alma de Cáceres. Para os moradores, é reencontrar raízes e homenagear legados. Para os turistas, é descobrir uma cidade que honra sua história com dignidade e afeto. O local é parte essencial do patrimônio cultural cacerense e merece ser conhecido, preservado e valorizado.
Fontes: Fragmentos da História Cultural de Cáceres (Carlini & Caniato, 2021), Memória Cacerense (1998), Zakinews (2021), Dissertação de Maria Solange Sá Leite (Unemat, 2018)








Comentários