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Cine Palácio: o brilho inesquecível da sétima arte em Cáceres


Acervo Newton Moreno
Acervo Newton Moreno

No dia 14 de julho de 1951, Cáceres viveu uma noite histórica. Inaugurava-se, com pompa e emoção, o Cine Palácio, sonho do visionário comerciante Alfredo Dulce, que desejava oferecer à sua terra natal uma casa de espetáculos à altura das grandes cidades.


A estreia não poderia ser mais simbólica: o filme exibido foi “E à noite sonhamos”, uma romântica produção sobre a vida de Chopin. A imprensa da época, como o jornal A Razão (edição de 24 de julho de 1951), descreveu o evento com entusiasmo, destacando os modernos projetores adquiridos no Rio de Janeiro e o mobiliário “belo e confortável”. Era o nascimento de um verdadeiro templo do cinema no coração cacerense.


O Cine Palácio localizava-se no cruzamento das atuais ruas Antônio Maria e General Osório — ponto de encontro das famílias, dos jovens e dos apaixonados pelo cinema. Com o tempo, ganhou um apelido carinhoso: “Cine Poeirinha”.


O nome curioso veio da poeira que invadia o salão sempre que uma ventania passava pelas ruas de chão batido. As portas e janelas abertas, em busca de algum alívio para o calor do verão, deixavam entrar o vento, a poeira e também o riso fácil de um público fiel. Era ali, no Poeirinha, que muitos cacerenses viveram seus primeiros encantos com a magia das telas.

Antes da exibição dos filmes, o público costumava se deliciar com apresentações de José Marinho Pinto de Arruda, que cantava em guarani, espanhol e até italiano — sucesso garantido nas noites de sábado. Mais tarde, sob a administração do dentista Airton Pinheiro Leite, o cinema continuou a marcar gerações.


Quem viveu aquela época ainda se lembra do estridente apito da sirene, anunciando que o espetáculo ia começar. E lá vinham os clássicos: os bang-bangs com Giuliano Gemma e Yul Brynner, os filmes de ação de Charles Bronson, as aventuras de Tarzan e Chita, e os heróis musculosos como Sansão e Maciste.


As matinês eram um evento à parte: crianças ansiosas, filas na porta, e o olhar vigilante do inspetor Luiz dos Santos Garcia, que não permitia a entrada de menores em filmes impróprios — para desespero dos garotos curiosos.


Hoje, a fachada do antigo Cine Palácio ainda resiste, preservada como uma memória viva da cultura e da história de Cáceres. É impossível passar por ali e não imaginar as luzes acesas, as vozes misturadas, o cheiro de pipoca e o tilintar das cadeiras de ferro.


Para os cacerenses, o Cine Palácio foi mais que um cinema: foi palco de encontros, amores e sonhos projetados em preto e branco. E para os visitantes, vale a pena conhecer o local, sentir a energia nostálgica e homenagear um tempo em que o cinema era o grande espetáculo da cidade. Fontes: Efemérides Cacerenses – Vol. II (1992) e reportagem “Cinema: filmes campeões de bilheteria nas telas de Cáceres”, publicada pelo portal Zakinews em 31/05/2022.

 
 
 

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