Curiosidades de Cáceres: Você sabia que a cidade já teve um Marco Geodésico do IBGE?
- rota cacerense
- 16 de out.
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Poucos cacerenses sabem, mas a cidade de Cáceres (MT) já foi palco de um importante marco científico na história do Brasil. Em 24 de julho de 1973, técnicos e pesquisadores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estiveram na cidade para instalar um Marco Geodésico, um ponto de referência usado para medições geográficas e topográficas de alta precisão.
Esse marco recebeu o nome de “Prof. Dr. Miguel Alves de Lima”, em homenagem a um dos mais importantes geógrafos do país, que na época era Superintendente de Geografia da Fundação IBGE e tinha forte ligação com Mato Grosso, onde realizou diversos estudos e levantamentos desde sua juventude.
📍 Onde ficava o marco?
O Marco Geodésico “Prof. Dr. Miguel Alves de Lima” estava localizado no entroncamento da BR-070 com a MT-123, estrada que liga Cáceres a Barra do Bugres, nas proximidades do aeroporto da cidade.
Apesar de sua importância, o local nunca teve grande destaque visual — era apenas um bloco de concreto com uma placa de bronze —, o que fazia com que muitos motoristas e pedestres passassem por ali sem perceber a relevância científica daquele ponto.
Na placa, estavam gravadas informações técnicas que indicavam o exato ponto de referência utilizado pelo IBGE:
Latitude: 16°04’28,187” Sul
Longitude: 57°40’05,483” Oeste
Altitude: 119,30 metros
Esses dados faziam parte da rede nacional de triangulação geodésica, usada para a produção de mapas e para o estudo do relevo, da altitude e até de fenômenos climáticos.
Um ponto de apoio para a ciência brasileira
O marco instalado em Cáceres foi fruto de uma operação de campo da Terceira Divisão de Levantamentos do Departamento de Geodésia e Topografia do IBGE, utilizando uma das tecnologias mais modernas da época: o geodímetro — um equipamento eletro-ótico que media distâncias com precisão milimétrica por meio de sinais luminosos.
Essa medição fazia parte de um grande projeto nacional, com o objetivo de prover o território brasileiro com uma base geodésica fundamental, indispensável para o mapeamento topográfico e geográfico do país.
Na inauguração, estiveram presentes importantes nomes da ciência e da geografia brasileira, como os professores Eurico de Andrade Neves Borba, Dorival Ferrari, Péricles Sales Freire, além do homenageado Prof. Dr. Miguel Alves de Lima. O evento foi um marco na história do IBGE e um orgulho para Cáceres, que passou a integrar oficialmente a rede de medições geográficas do Brasil.
A tecnologia por trás do marco
O ponto geodésico servia de base para a instalação de antenas receptoras, utilizadas pelos técnicos do IBGE quando precisavam realizar novos levantamentos. Essas antenas captavam sinais de satélites, como o norte-americano Intelsat, que passava sobre a região periodicamente.Os dados coletados incluíam coordenadas geográficas, altitude, temperatura e precipitação pluviométrica, e eram enviados à sede do IBGE no Rio de Janeiro, onde eram decodificados e interpretados.
Essas informações ajudavam a aprimorar mapas, corrigir medidas e compreender melhor o comportamento climático da região, contribuindo diretamente com a agricultura, a pecuária e a economia local.
O que aconteceu com o Marco Geodésico?
Com o passar das décadas e as transformações urbanas e rodoviárias, o Marco Geodésico “Prof. Dr. Miguel Alves de Lima” foi retirado do local original. Hoje, o ponto físico não existe mais — o bloco de concreto e a placa de bronze desapareceram, restando apenas o registro histórico e científico de sua presença.
Mesmo assim, o marco continua registrado oficialmente nos bancos de dados do IBGE, preservando as coordenadas e medições feitas em Cáceres.
Um legado silencioso, mas valioso
Embora invisível aos olhos dos transeuntes de hoje, o antigo Marco Geodésico de Cáceres representa uma etapa importante na história científica do Brasil. Ele simboliza o esforço de pesquisadores e técnicos que, há mais de 50 anos, trabalharam para construir uma base sólida de conhecimento sobre o território nacional.
É uma lembrança de que a ciência também passa por aqui — discretamente, mas com impacto duradouro.
Fontes: Efemérides Cacerenses – Vol. II (1992) e Fragmentos da História Cultural de Cáceres – Vol. I (2021).
Imagem 01 - marco em 2012, imagem 02 - marco removido - 2022, imagem 03 - local atual - 2025 - Imagens retiradas do Google Maps














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