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Estação Ecológica de Taiamã: um refúgio no coração do Pantanal


Autor: Fernando Buttura
Autor: Fernando Buttura

Um patrimônio natural em Cáceres (MT)

No meio do rio Paraguai, em uma imensa ilha natural, está um dos maiores tesouros ambientais do Brasil: a Estação Ecológica de Taiamã. Criada em 1981, no município de Cáceres, a unidade de conservação protege 11.555 hectares de natureza preservada, abrigando uma impressionante diversidade de espécies do Pantanal.

Considerada um verdadeiro refúgio ecológico, a estação é fundamental tanto para a conservação da biodiversidade quanto para o desenvolvimento de pesquisas científicas reconhecidas internacionalmente.

A vida moldada pelas águas

O cenário da Estação Taiamã é tipicamente pantaneiro: campos inundáveis, lagoas permanentes e temporárias, corixos e baías. Toda a dinâmica do lugar é regida pelo ritmo do rio Paraguai, que ora avança em cheias, ora recua nas secas.

Nos últimos três anos, a região tem sofrido com a seca prolongada, o que também trouxe impactos para a paisagem e para os animais que vivem na reserva. Mesmo assim, Taiamã continua sendo uma das áreas mais ricas em fauna e flora do continente.

Reconhecimento internacional

Em 2018, a Estação Ecológica de Taiamã recebeu o título de Sítio Ramsar, uma certificação global que reconhece áreas úmidas de importância internacional. Isso reforça seu papel estratégico para a proteção da vida selvagem e dos ecossistemas do Pantanal.

A reserva concentra altos níveis de biodiversidade, incluindo espécies raras, vulneráveis ou ameaçadas de extinção. Estudos já identificaram:

  • 131 espécies de peixes nos rios que cercam a unidade, quase metade do total existente em todo o Pantanal.

  • Uma enorme variedade de aves, inclusive migratórias que utilizam a região como rota.

  • Diversos mamíferos, répteis e anfíbios, compondo um verdadeiro mosaico de vida.


Foto: Daniel Kantek
Foto: Daniel Kantek

Terra das onças-pescadoras

Se existe um símbolo para Taiamã, ele atende pelo nome de onça-pintada. A estação abriga a maior densidade de onças do mundo: cerca de 12,4 indivíduos a cada 100 km².

Mais surpreendente ainda é o comportamento inusitado desses felinos. Pesquisadores descobriram que, ao contrário das onças de outras regiões, as de Taiamã se especializaram em pescar. Alimentam-se de peixes e até jacarés, caçando sozinhas ou até em grupos – um comportamento raro entre grandes felinos, tradicionalmente considerados solitários.

Esse fenômeno fez com que as onças-pintadas da estação ficassem conhecidas como “onças-pescadoras”, despertando o interesse de cientistas do Brasil e do exterior.

Ameaças e desafios

Apesar de toda a sua importância, a Estação Ecológica Taiamã enfrenta riscos. A construção do Porto Barranco Vermelho, em Cáceres, preocupa ambientalistas e pesquisadores. O projeto prevê dragagem e retificação do rio Paraguai, afetando diretamente áreas próximas à estação e ao Parque Nacional do Pantanal Matogrossense.

Especialistas alertam que qualquer alteração nesse delicado equilíbrio pode trazer consequências graves para a biodiversidade, especialmente para espécies como a onça-pintada e para as aves migratórias que dependem da região.


Foto: Daniel Kantek
Foto: Daniel Kantek

Como chegar e visitar

O acesso à Estação Taiamã é restrito, justamente para garantir sua preservação. Visitas só podem ser realizadas com autorização.

A partir de Cuiabá, o percurso segue pela BR-364 até Cáceres (230 km). De lá, são cerca de 198 km descendo o rio Paraguai até a ilha onde está localizada a estação. Também é possível chegar por estrada de terra em alguns trechos, mas sempre é necessário apoio especializado.

Apesar da distância, quem tem a oportunidade de conhecer Taiamã encontra um dos ambientes mais intocados do Pantanal, onde é comum avistar tuiuiús, capivaras, jacarés, ariranhas e até onças-pintadas.

Taiamã na TV

A beleza da estação foi tema de uma reportagem especial da série Parques do Brasil, exibida pela TV Brasil em 20 de junho de 2021. O episódio mostrou as transformações do Pantanal ao longo do ano e acompanhou de perto a vida selvagem da região.

Durante a série, o público pôde ver desde a revoada de centenas de gaviões-caramujeiros até momentos raros com as onças-pescadoras, confirmando a singularidade da Estação Taiamã no cenário brasileiro.

Um patrimônio a ser protegido

A Estação Ecológica de Taiamã é muito mais do que uma unidade de conservação: é um patrimônio natural do Pantanal e do Brasil. Preservá-la significa garantir o equilíbrio de uma das regiões mais ricas do planeta em biodiversidade e assegurar que futuras gerações possam conhecer a grandiosidade desse santuário ecológico.


 
 
 

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