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José de Souza Bexiga: O Construtor que Imortalizou a História Arquitetônica de Cáceres


JOSÉ DE SOUZA BEXIGA
JOSÉ DE SOUZA BEXIGA

A história de uma cidade não se resume apenas a datas e fatos, mas às mãos que a moldaram, às vozes que ecoaram nas ruas e às construções que permaneceram como testemunhas do tempo. Cáceres, que em 2025 celebra seus 247 anos, carrega em cada pedra, cada muro e cada fachada, o reflexo da dedicação de homens e mulheres que ajudaram a construir sua identidade.


Fundada em 1778 como Vila Maria do Paraguai, depois rebatizada como São Luiz de Cáceres e, por fim, Cáceres, a cidade guarda em seu Centro Histórico uma riqueza arquitetônica única no estado de Mato Grosso, que lhe confere não apenas charme, mas também status de patrimônio cultural nacional. Entre os nomes que deixaram marcas profundas nesse cenário, um se destaca: o do português José de Souza Bexiga, mais conhecido como Mestre Bexiga.


Da terra lusitana ao coração de Cáceres

Nascido em Olhão, Portugal, em 24 de dezembro de 1886, filho de Antonio e Gertrudes Bexiga, José chegou ao Brasil em 1908, aos 22 anos, acompanhado do irmão. Radicou-se em Corumbá, onde iniciou sua trajetória como pedreiro, até decidir mudar-se para Cáceres, onde definitivamente inscreveu seu nome na história.

Casado com a cacerense Maria Lourença França Bexiga, com quem teve 10 filhos, Bexiga uniu talento, técnica e ousadia em cada obra. Embora analfabeto, foi capaz de projetar e construir edificações que ainda hoje despertam admiração. Lourença, sua esposa, assumia os orçamentos das obras, elaborando documentos com precisão e elegância, mostrando que a história desse casal se entrelaça com a própria memória da cidade.


As obras que viraram símbolos

Entre as marcas deixadas pelo construtor, a mais emblemática talvez seja a Casa Rosa, erguida em 1923, uma joia arquitetônica em estilo art nouveau, considerada a única nesse estilo em Mato Grosso. Poucos sabem, mas foi Mestre Bexiga quem deu forma à casa idealizada por José Dulce e entregue ao filho Alfredo.

Além dela, outras edificações ganharam vida através de seu talento, como:

  • A antiga Prefeitura Municipal, de 1929, que também abrigou a Câmara de Vereadores e hoje passa por processo de restauração para sediar a Biblioteca Pública Professora Leonídia Avelina de Morais.

  • A casa de Humberto Dulce, hoje sede da Sicredi.

  • A residência do Dr. Luiz Ambrósio, na esquina da General Osório com Coronel José Dulce.

  • As casas do pecuarista José Palmiro da Silva e de tantas famílias tradicionais cacerenses.

Suas obras não eram apenas funcionais, mas carregavam símbolos, iniciais de famílias, ornamentos e datas que personalizavam cada construção

.

Empreendedor visionário

Mestre Bexiga também foi responsável por fundar a Fábrica de Ladrilhos São José, que produzia mosaicos e ladrilhos de altíssima qualidade, com até cinco cores diferentes, muitos dos quais ainda resistem em residências históricas de Cáceres e Corumbá. Essa atividade reforçou a ligação entre as duas cidades irmãs, unidas pelo Rio Paraguai, que na época viviam uma fase de expansão e prosperidade.


Patrimônio cultural e memória viva

Para além da Casa Rosa e da Prefeitura, Bexiga foi responsável pela construção de importantes prédios públicos, como a antiga Cadeia Pública e o Matadouro Municipal, ambos impressionantes pela robustez estrutural.

Sua trajetória comprova que, em cada detalhe arquitetônico, existe a expressão cultural de um povo. Como disse o arquiteto e urbanista Nabil Bonduki:

“As edificações históricas fortalecem laços entre as gerações, tanto quanto geram o sentimento de identidade cultural e cidadania.”

O legado

José de Souza Bexiga faleceu em 22 de outubro de 1975, no Rio de Janeiro, aos 89 anos, mas sua obra continua viva em cada esquina histórica de Cáceres.

Em 2025, quando a cidade completa 247 anos, olhar para as construções que resistem ao tempo é também homenagear a memória de um homem que, com talento, visão e perseverança, ajudou a escrever parte fundamental dessa história.

Cáceres segue sendo conhecida como a “Princesinha do Paraguai”, mas seus casarões, sobrados e monumentos lembram que ela também é a cidade moldada pelas mãos de um português que aqui encontrou seu lar e eternizou seu legado.


Por fim, esta matéria e imagens foi baseada e retirada exclusivamente na pesquisa realizada por Antônio Costa, publicada originalmente no Zakinews em 26 de abril de 2021, sob o título “Bexiga – o construtor português que marcou o centro histórico de Cáceres” — referência fundamental para resgatarmos a memória e reconhecer o legado de José de Souza Bexiga na história de nossa cidade.


 
 
 

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