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O Aeroporto Fluvial da Manga: quando Cáceres recebeu aviões sobre as águas do Paraguai


Porto da Manga - FOTO: Akio Kishi
Porto da Manga - FOTO: Akio Kishi

Pouca gente sabe, mas Cáceres já teve um aeroporto… sobre as águas. A região da Manga, conhecida por seu porto fluvial de embarque e desembarque de gado, mercadorias e passageiros, também funcionou como aeroporto fluvial entre o final da década de 1930 e o início dos anos 1940.

Os hidroaviões da Syndicato Condor Ltda, empresa membro da International Air Traffic Association, com sede no Rio de Janeiro, faziam pousos no rio Paraguai e manobravam até o porto da Manga. Era um espetáculo que marcava o progresso chegando por via aérea ao coração do Pantanal mato-grossense.


Um dos registros mais antigos dessa operação é o embarque do passageiro Ângelo Castrillon, ocorrido em 18 de fevereiro de 1940, no voo SR 14 – Cáceres–Corumbá. O bilhete, de número 79768, foi emitido pela própria empresa aérea e assinado por José Vidal de Pinho, irmão do professor cacerense Haroldo Vidal de Pinho, mais conhecido como professor Tute.

As cenas da decolagem eram descritas como um verdadeiro espetáculo: os aviões deslizavam suavemente pelas águas calmas do rio, ganhando velocidade até que, com o esforço máximo dos motores, erguiam-se elegantes sobre o espelho d’água e desapareciam no horizonte. Ao retornar, o pouso era igualmente harmonioso — um encontro delicado entre o avião e o rio.

Durante esse período, o aeroporto fluvial da Manga foi uma importante ligação de Cáceres com o resto do país, oferecendo um meio de transporte rápido e seguro em meio às distâncias e dificuldades de comunicação do Pantanal.

Mas, como toda história, essa também teve seu fim. As aeronaves aquáticas deixaram de operar, e em 1943 chegaram os aviões de rodas, que passaram a utilizar o Campo de Aviação construído em 1936 — embrião do atual Aeroporto Municipal Manoel F. F. Cuiabano.

O aeroporto fluvial da Manga ficou na memória como símbolo de uma época em que Cáceres unia céu, terra e rio em um mesmo ponto de partida — e em que o Paraguai não era apenas o rio da paisagem, mas a própria pista de decolagem do progresso.

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Fonte: Memória cacerense. Cuiabá: Ed. Carlini & Caniato, 1998. Prefácio de Elizabeth Madureira Siqueira.

 
 
 

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