O Jardim da Praça Barão do Rio Branco: Um marco da história urbana e cultural cacerense
- rota cacerense
- 20 de out.
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Em meio ao coração histórico de Cáceres, a Praça Barão do Rio Branco guarda um dos capítulos mais simbólicos da formação urbana da cidade: a criação do primeiro jardim público, inaugurado em 19 de novembro de 1936, durante as comemorações do Dia da Bandeira. A obra foi idealizada e construída por uma comissão presidida pelo então Major PM e Delegado de Polícia Oswaldo Cícero de Sá, figura lembrada com respeito e gratidão pelos cacerenses.
No obelisco erguido no centro da praça, uma inscrição eterniza a homenagem:
“Ao Major Oswaldo Cícero de Sá, idealizador e construtor deste jardim, a homenagem do povo cacerense.”
A inauguração foi um acontecimento de grande destaque na época. Segundo o jornal A Razão, em sua edição de 21 de novembro de 1936, o evento reuniu uma multidão: famílias, autoridades locais e ilustres cavalheiros ocuparam a praça, celebrando o novo espaço público que prometia embelezar e revitalizar o centro urbano de São Luiz de Cáceres.
Discursos e homenagens

O Major Oswaldo foi o primeiro a discursar, fazendo a entrega simbólica do jardim à Prefeitura, representada pelo então prefeito Manoel F. F. Cuiabano. Em nome da administração municipal, o farmacêutico Dormevil M. da Costa e Faria agradeceu o gesto e comprometeu-se a zelar com carinho pelo novo logradouro público.
Também fizeram uso da palavra o Dr. Leopoldo Ambrósio Filho — a pedido do Cel. Bertholdo — representando o jornal local, além das senhoras Ana Virgínia Dulce e Rita Caldas Castrillon, que, junto com o prefeito e o deputado Bertholdo Leite da Silva Freire, foram paraninfos da inauguração.
(Fontes: Efemérides Cacerenses – Vol. II, 1992; Fragmentos da História Cultural de Cáceres, 2021)
O significado da praça e o sonho do jardim

Desde os primórdios da cidade, a Praça Barão do Rio Branco ocupava um lugar simbólico de destaque. Localizada próxima aos principais órgãos públicos, ela era considerada o marco inicial de Cáceres, espelho da própria cidade.
A ideia de uma praça-jardim, com flores, árvores, bancos e coreto, seguia o modelo das cidades coloniais portuguesas e refletia o ideal barroco de beleza e poder, como descreve o historiador Antonio Edmilson Martins Rodrigues. Esses espaços não eram apenas pontos de lazer, mas palcos da vida urbana, onde a comunidade se reunia para celebrar, conversar e viver a cidade.
Porém, a concretização desse ideal não foi simples. Registros da Intendência Municipal mostram que, por muitos anos, a construção do jardim foi adiada ou feita parcialmente devido à falta de recursos. Em determinado relatório, lê-se:
“Resolvi depositar as ditas grades em lugar apropriado e não cuidei mais disso porque reconheci que as posses atuais deste município não dão para construir e depois manter um jardim público…”
Apesar das dificuldades, a persistência dos cacerenses resultou, finalmente, na inauguração do jardim em 1936 — um símbolo de progresso, estética e orgulho coletivo.
(Fonte: Adson de Arruda – “Imprensa, vida urbana e fronteira: a cidade de Cáceres nas primeiras décadas do século XX (1900–1930)”.)
Um patrimônio que respira história
Hoje, quem caminha pela Praça Barão do Rio Branco talvez não imagine o quanto aquele espaço representou na história de Cáceres. Mais do que um local de lazer, o Jardim da Praça foi um passo importante na modernização da cidade, unindo beleza, cultura e convivência.
Entre árvores antigas, bancos e o obelisco que ainda resiste ao tempo, o jardim segue sendo um símbolo de identidade cacerense — um ponto de encontro entre o passado e o presente, entre a memória e o cotidiano.
Fontes:
Efemérides Cacerenses – Vol. II (1992)
Fragmentos da História Cultural de Cáceres – Carlini & Caniato, 2021
Adson de Arruda – “Imprensa, vida urbana e fronteira: a cidade de Cáceres nas primeiras décadas do século XX (1900–1930)”








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