O Santo Popular de Cáceres: Dimas Alessandrino Esteves, o “São Dimas” do Povo
- rota cacerense
- 7 de ago.
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Por Rota Cacerense

No coração de Cáceres, há um túmulo simples que guarda uma história profunda, mística e de forte apelo popular. Sem nunca ter sido beatificado pela Igreja Católica, Dimas Alessandrino Esteves — falecido aos 14 anos em 1925 — é tratado por muitos cacerenses como um verdadeiro santo milagreiro, protetor de estudantes, das causas difíceis e até mesmo de negócios e finanças.
Conhecido popularmente como “São Dimas de Cáceres”, o jovem falecido há quase um século continua a atrair devotos que, entre promessas e orações, agradecem por graças alcançadas. Cadernos, provas de concursos, flores e bilhetes são deixados sobre sua sepultura — uma reverência quase diária a quem se tornou símbolo de fé espontânea.
Um Santo Não Oficial, Mas Muito Cultuado
No calendário da Igreja, São Dimas é o "bom ladrão" crucificado ao lado de Cristo e canonizado por Ele na cruz. Já em Cáceres, o Dimas local não foi canonizado nem beatificado, mas santificado pela fé do povo. E isso é o que realmente importa para aqueles que clamam por sua ajuda em momentos de desespero.
No Dia de Todos os Santos, celebrado em 1º de novembro, seu túmulo recebe visitas especiais. Foi nesse dia, por exemplo, que Dona Carmem M. de Souza depositou flores e preces, agradecendo pela cura milagrosa da filha, atribuída à intercessão do “santo menino”.
A História de Dimas: Breve, Dolorosa e Inspiradora
Dimas Alessandrino Esteves nasceu em 15 de janeiro de 1912 e faleceu em 8 de dezembro de 1925, vítima de uma infecção que se iniciou com um ferimento no pé — provocado, segundo versões populares, por um espinho de laranjeira ou uma ferramenta de trabalho. Aos poucos, a infecção se agravou e evoluiu para o que se acredita ter sido tétano. Apesar dos cuidados e do carinho da família, Dimas faleceu após dias de sofrimento e resignação.
Seu falecimento precoce, narrado com detalhes comoventes pelo padre Francisco M. Herail, revela um jovem de fé firme, amor à família, obediência aos pais e dedicação ao estudo e à oração. “Ele morreu como viveu: com fé, simplicidade e bondade”, escreveu o religioso.
De Aluno Brilhante a Protetor dos Estudantes
Estudante exemplar, Dimas se destacou na escola e era querido pelos professores, especialmente pelo Padre Francisco, que acompanhou seus últimos momentos. O vínculo com os estudos atravessou décadas e permanece vivo: hoje, muitos estudantes recorrem a ele em véspera de provas, concursos e vestibulares, pedindo por sabedoria e aprovação.
A sepultura de Dimas, mesmo sem datas marcadas na lápide, é facilmente identificada pelos cadernos e bilhetes deixados com pedidos e agradecimentos. Casos como o de uma mulher que veio de São Paulo pagar uma promessa após passar em um concurso, ou o de outra devota que viajou de Tangará da Serra, são apenas alguns exemplos do alcance da devoção.
Um Culto Silencioso, Mas Poderoso
A história de Dimas se espalha não por dogmas ou decretos oficiais, mas boca a boca, oração a oração, graça a graça. Mesmo sem reconhecimento formal da Igreja, o "São Dimas de Cáceres" se consolida como figura sagrada local, cujo túmulo é local de romaria e fé popular.
Enquanto muitos procuram santos canonizados, outros encontram em Dimas um espelho da bondade e simplicidade divinas. Sua vida curta, porém inspiradora, deixou marcas eternas. E o perfume das "rosas espirituais" deixadas por ele ainda embalsama a fé de quem o visita.
Curiosidade: Você sabia que Dimas comungava toda primeira sexta-feira do mês em honra ao Sagrado Coração de Jesus? E que ele se esforçava para aprender as respostas da Missa para poder participar melhor da liturgia? Detalhes como esses mostram como sua espiritualidade se desenvolveu desde cedo — talvez o segredo de tantos milagres atribuídos.
A sepultura de Dimas está no cemitério São João Batista, em Cáceres – MT. A visita pode ser mais que um ato de devoção. Pode ser uma experiência tocante sobre fé, história e espiritualidade popular.
Fontes da Reportagem:
Zakinews: “Quem foi... Dimas Alessandrino Esteves”
Correio Cacerense: “Devotos agradecem com preces e flores as graças de São Dimas”








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