Os Dois Coretos da Praça Barão do Rio Branco: Fragmentos de História e Memória de Cáceres
- rota cacerense
- 18 de ago.
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A Praça Barão do Rio Branco, um dos cartões-postais mais emblemáticos de Cáceres, já foi palco de encontros, apresentações musicais e grandes celebrações comunitárias. Pouca gente sabe, mas ela já abrigou dois coretos ao longo de sua história, que marcaram gerações e se tornaram símbolos de um tempo em que a cidade respirava tradição e modernidade em meio a seus espaços públicos.
O Primeiro Coreto: Anos 1930
O primeiro coreto surgiu em meio ao Jardim Público, inaugurado em 1936, espaço que era cuidado pelos próprios moradores dos arredores. Ao centro da praça, cercada por arame liso e arborizada, o coreto se tornou ponto de encontro da elite local e lugar de sociabilidade da comunidade.
Era comum que, às quintas-feiras e domingos, músicos do Exército animassem a população com suas retretas. Já nos anos 1950, a Banda Municipal e a Banda do Quartel se apresentavam no coreto, especialmente após as missas dominicais na Catedral, tornando-se parte da rotina cultural da cidade.
Com o tempo, porém, o espaço se mostrou pequeno para os eventos que recebia, e a administração municipal decidiu substituí-lo.
O Segundo Coreto: Inaugurado em 1961
Durante a gestão do prefeito José Monteiro da Silva, em 1960, foi projetado o segundo coreto da Praça Barão. Sua inauguração ocorreu em 20 de janeiro de 1961, com a presença do então governador de Mato Grosso, João Ponce de Arruda.
Localizado próximo ao Marco do Jauru, que precisou ser deslocado, o novo coreto se tornou o coração pulsante da praça. Ali, aconteceram solenidades, encontros de amigos e apresentações musicais que movimentavam os finais de semana. A Banda do 2º Batalhão de Fronteira, sob a regência do Capitão Lenírio e depois do Tenente Valdemar, transformava os domingos em verdadeiros espetáculos, empolgando o público cacerense.
Com a revitalização da praça, na década de 1960, parte do espaço original foi transformado em tanque e, posteriormente, em fonte luminosa. Mesmo assim, o coreto resistiu por mais de 25 anos, até ser demolido na gestão do prefeito Antônio Carlos Souto Fontes (1985/88). A justificativa foi acabar com o uso do espaço por moradores de rua, hippies e desocupados que, à época, ocupavam a praça à noite.

O Coreto da Cavalhada: Uma Memória Preservada
Em 1978, por ocasião do Bicentenário de Cáceres, o então prefeito Ernani Martins decidiu construir na Praça da Cavalhada um coreto idêntico ao que existiu na Barão. A obra, conduzida pelos engenheiros Luiz Plácido Pinto Jr. e Paulo César Homem de Mello, permanece até hoje como uma espécie de lembrança viva daquele espaço tão importante na memória urbana da cidade.
Um Patrimônio da Memória Cacerense
Os coretos da Praça Barão do Rio Branco foram mais que construções arquitetônicas: representaram um tempo em que a praça era o centro de convivência, cultura e lazer da sociedade local. Para os mais velhos, a lembrança traz nostalgia. Para os mais jovens e turistas, conhecer essa história é mergulhar nas raízes de Cáceres, compreendendo como seus espaços públicos refletiam tanto a busca pela modernidade quanto as tradições comunitárias.
Assim, lembrar dos dois coretos da Praça Barão do Rio Branco é valorizar a memória coletiva da cidade e manter viva uma parte importante da identidade cacerense.
Referências
BRASIL. Guia didático-histórico de Educação Patrimonial. Brasília: CAPES, 2018. Disponível em: https://educapes.capes.gov.br/bitstream/capes/431766/3/Guia%20did%C3%A1tico%20-%20hist%C3%B3rico%20de%20Educa%C3%A7%C3%A3o%20Patrimonial.pdf. Acesso em: 18 ago. 2025.(Fonte também das imagens utilizadas nesta matéria).
COSTA, Antonio. Praça Barão do Rio Branco: tradição que orgulha os cacerenses. Zakinews, Cáceres, 18 maio 2021. Disponível em: https://zakinews.com.br/praca-barao-do-rio-branco-tradicao-que-orgulha-os-cacerenses/. Acesso em: 18 ago. 2025.(Fonte também das imagens utilizadas nesta matéria). PIRES, Emilson (Micim). Estórias que vi e ouvi – 60 anos da família Pires em Cáceres. Zakinews, 01 abr. 2025. Disponível em: https://zakinews.com.br/estorias-que-vi-e-ouvi-60-anos-da-familia-pires-em-caceres/. Acesso em: 18 ago. 2025.
PINHO, Rachel Tegon de; CHAVES, Otávio Ribeiro; ARRUDA, Elmar Figueiredo de. Cáceres: olhares sobre a tessitura urbana de São Luiz de Cáceres. In: História e Memória Cáceres. Cáceres: Editora UNEMAT, 2011.






















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