Porto Mário Corrêa: História, Memória e Beleza Pantaneira às Margens do Rio Paraguai
- rota cacerense
- 10 de set.
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Às margens do majestoso Rio Paraguai, em Cáceres, repousa um dos marcos históricos mais emblemáticos da cidade: o Porto Mário Corrêa da Costa. Inaugurado em 22 de janeiro de 1928, em homenagem ao então presidente do Estado, o porto foi por décadas um ponto vital de comércio, sociabilidade e desenvolvimento econômico da região.
Durante o final do século XIX e início do XX, o rio Paraguai era a principal rota de abastecimento da cidade. Por suas águas chegavam mercadorias vindas da Europa e do Rio de Janeiro — tecidos, cristais, louças e pratarias — e partiam embarcações carregadas de poaia (raiz medicinal muito valorizada na época), borracha, charque, crinas e couros. O porto, com sua arquitetura em estilo neoclássico, chegou a ser considerado o mais bonito de Mato Grosso, destacando-se pelos balaústres e pelos leões de gesso que ornamentavam sua entrada.
O Porto do Cotidiano e da Vida Cacerense

Muito além do comércio, o Porto Mário Corrêa também foi espaço de encontros e lazer. Ali famílias se reuniam para pescarias, passeios de barco e banhos de rio, enquanto as lavadeiras garantiam o sustento de muitas casas, antes da implantação do sistema de abastecimento de água. Era, portanto, um local onde economia, cultura e vida social se entrelaçavam à beira do Paraguai.
O Curioso Episódio dos Leões

Entre as memórias mais pitorescas do porto está a história dos dois leõezinhos de gesso que enfeitavam a escadaria. Conta-se que, numa noite, um hóspede alcoolizado de uma embarcação atracada resolveu descarregar sua arma contra um dos leões, destruindo parte da escultura. O episódio marcou a cidade e, com o tempo, ambos os ornamentos desapareceram, restando apenas a lembrança preservada pelos mais antigos.
Do Declínio à Preservação

Com o avanço das rodovias a partir da década de 1960, o transporte fluvial foi perdendo espaço, e o porto entrou em declínio. Em 1970, durante a gestão do prefeito José Monteiro da Silva, a rampa de carga e descarga — já comprometida pela erosão — foi aterrada, dando lugar à escadaria que permanece até hoje, ligando a Praça Barão do Rio Branco à baía do Paraguai.
Apesar das mudanças, o Porto Mário Corrêa segue como parte fundamental da identidade cacerense. Integra atualmente o Centro Histórico de Cáceres, tombado como patrimônio cultural, e é palco de importantes eventos, como o Festival Internacional de Pesca Esportiva (FIPE), que atrai visitantes de todo o Brasil.
Um Convite à Contemplação

Visitar o Porto Mário Corrêa é fazer uma viagem no tempo. É sentir a brisa do Rio Paraguai, contemplar o pôr do sol sobre a paisagem pantaneira e refletir sobre o quanto esse lugar foi essencial para a formação da cidade.
Mais do que um ponto turístico, o porto é um patrimônio vivo que conta a história de Cáceres e sua relação com o Pantanal. Preservá-lo significa garantir que futuras gerações possam continuar se emocionando com suas memórias, sua arquitetura e sua paisagem.








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