Praça Barão: os bares e pizzarias que marcaram a história e o sabor de Cáceres
- rota cacerense
- 11 de ago.
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Entre cafés inesquecíveis, pizzas pioneiras, peixadas fumegantes e noites de boemia, a principal praça da cidade guarda memórias que ainda vivem no paladar e no coração dos cacerenses.
Cáceres não é feita apenas de rios, festas tradicionais e histórias centenárias. Há também

um ponto de encontro que, geração após geração, segue sendo o coração pulsante da cidade: a Praça Barão do Rio Branco.
Muito antes de se transformar no calçadão de hoje, o local já era palco de encontros, celebrações, conversas intermináveis e, claro, de muitos sabores que ficaram gravados na memória dos cacerenses. Inspirada no trabalho minucioso do jornalista Antonio Costa, veiculado no Zakinews em 26 de maio de 2021, esta reportagem revisita alguns dos bares, pizzarias, lanchonetes e restaurantes que ajudaram a escrever a história viva da Praça Barão. Mais que simples estabelecimentos comerciais, eles foram pontos de referência para encontros amorosos, conversas políticas, celebrações familiares e noites que só terminavam quando o sol já dava sinal de vida.
Ao longo das décadas, a praça viu nascer e prosperar bares, lanchonetes, pizzarias e restaurantes que se tornaram pontos de encontro obrigatórios para moradores, turistas e personalidades. Locais que, mais do que servir comida e bebida, criaram memórias que permanecem vivas no imaginário cacerense.
O pioneirismo do Bar do Joaquim Dias e do Jucão
Tudo começou lá atrás, em 1937, com a inauguração do Bar do Joaquim Dias, que funcionava onde hoje está a Loja Marisa. Administrado por dona Catu, esposa de Joaquim, o espaço conquistou frequentadores com seu atendimento cordial e produtos de qualidade. Mais tarde, o filho, José Dias – o famoso Jucão – assumiu e transformou o bar num verdadeiro ponto de referência, conhecido pelo sanduíche de pernil, sorvetes artesanais e as mesas animadas de truco e bozó.
Sabores gelados: Sorveteria dos Irmãos Atala

Outro ícone foi a Sorveteria dos Atala, comandada por Germano, Davi, Jamil e Emília. Por mais de 30 anos, o endereço na esquina da Rua Comandante Balduíno serviu picolés e sorvetes artesanais de sabores únicos como tamarindo, cajá manga, milho verde e o inesquecível coco queimado. Era o ponto certo após a missa ou uma sessão no Cine Copacabana.
Américo, Brum e o charme boêmio

O Bar do Américo do Valle marcou época com bons petiscos e até discursos inflamados, como o de 1º de maio de 1945, quando chegou a notícia da morte de Hitler. Já o “Curtição”, de Luiz Brum, reinou por mais de 20 anos como espaço de bar, restaurante e pista de dança. Foi ali que Gretchen se apresentou no auge dos anos 1970, fazendo o público dançar madrugada adentro.
A primeira pizza de Cáceres
Foi no Bicão, de Ademar e Margô, que a pizza chegou à cidade, inspirada no interior paulista. A novidade rapidamente caiu no gosto dos cacerenses, consolidando-se como point da época.
Kuka Lanches e noites à beira da baía

O casal gaúcho Abílio e Norma Piran deu vida ao Kuka Lanches, famoso por suas mesas ao lado da mureta do Porto Mário Corrêa e pratos saborosos. Depois da retirada das lanchonetes das praças, surgiu o Kuka Flutuante, que também entrou para a história gastronômica local.
Rubinho e Dalva: reis da noite cacerense
Durante duas décadas, Rubinho e Dalva Ranzani comandaram casas que movimentaram a vida noturna: o Society, o Hispano, o Curtição e o restaurante Pilão. Receberam artistas como Nelson Gonçalves, Waldick Soriano e Elke Maravilha, além de políticos como Júlio Campos e Dante de Oliveira.
O Bar do Nego e o café inesquecível
Na década de 1960, o Bar do Nego servia um café expresso na tradicional máquina italiana Gaggia, além de baurus, salgados e sorvetes de milho, coco e bocaiuva. Mesas na calçada eram disputadas aos sábados e domingos, enquanto partidas de truco e bozó animavam o ambiente.
Casarão, Canto A, Pipoca e outros pontos marcantes

O Novo Casarão, no prédio que já foi Cine Copacabana, ofereceu pratos como a exótica carne de jacaré e a tradicional peixada cacerense. O Canto A, de Cidão e Suzana, reinou por 25 anos como “a sala de estar” da família cacerense. O Bar e Restaurante do Pipoca mantém até hoje a tradição com pizzas e pratos que atraem uma clientela fiel. Outros nomes, como Zero Grau, Cheiro Verde, Chicknin, Choppaulo e La Estância, também contribuíram para que a Praça Barão se tornasse um símbolo da boemia e da gastronomia local.
Saudade que alimenta a memória
A Praça Barão mudou, mas a essência permanece. O cheiro do pão francês com pernil, o tilintar dos copos de chope, o barulho das bolas de sinuca, o riso alto do truco e a conversa fiada à beira da baía ainda ecoam na lembrança de quem viveu essas épocas.
Mais que um ponto geográfico, a Praça Barão é um capítulo vivo da história de Cáceres — escrito com o tempero da dedicação dos comerciantes, a cumplicidade dos clientes e o sabor inconfundível de uma cidade que sabe celebrar a vida.
Fonte: Matéria original de Antonio Costa, publicada no Zakinews em 26/05/2021. Disponível em: zakinews.com.br Imagens: https://zakinews.com.br/bares-e-pizzarias-da-praca-barao-atraves-dos-tempos/






































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