Quando a Noite Virou Dia: A História da Chegada da Energia Elétrica em Cáceres
- rota cacerense
- 9 de out.
- 2 min de leitura

Imagine as noites de Cáceres iluminadas por lampiões a querosene, acesos um a um pelo “lampareiro”, figura querida que percorria as ruas garantindo que a cidade não mergulhasse na escuridão. Pois foi assim que começou a história da iluminação pública cacerense, lá pelos idos de 1908, quando o major Joaquim da Costa e Faria era intendente e o senhor Leopoldo Torraca firmou contrato com a prefeitura para manter as luzes acesas.
Esses primeiros tempos de claridade noturna marcaram uma era romântica, em que o brilho suave das chamas desenhava sombras nas fachadas coloniais da cidade. Era o prenúncio de algo maior: o sonho de ter energia elétrica.
Da chama ao motor: os primeiros passos da eletricidade
Em 1914, esse sonho começou a se concretizar. A empresa José Dulce & Cia., com concessão do poder público, instalou a primeira Usina Diesel Elétrica da cidade. A novidade trouxe não só luz elétrica, mas também novas experiências urbanas: o movimento no boulevard do Largo da Matriz, a primeira bicicleta circulando e, claro, a curiosidade dos moradores diante das lâmpadas que brilhavam sem precisar de querosene.
Mas a expansão da eletricidade ainda caminhava lentamente — limitada pela infraestrutura e pelos altos custos. Seriam precisas mais de três décadas até que Cáceres recebesse, de fato, sua usina municipal de energia.
1951: o dia em que a luz chegou para ficar
O grande momento aconteceu em 8 de dezembro de 1951, às 18 horas. A cidade estava em festa: inaugurava-se oficialmente a Usina de Energia Elétrica de Cáceres, obra iniciada pelo então prefeito Dr. José Rodrigues Fontes e concluída na gestão de João Antônio Ferreira Souto.
A cerimônia teve bênção do Padre Paulo Maria Cabrol e contou com autoridades locais e um público emocionado. O próprio Dr. Fontes, visivelmente comovido, afirmou que “a luz foi um grande melhoramento para o povo e para a cidade”.
E assim, Cáceres entrou definitivamente na era da eletricidade — e com ela vieram novas possibilidades de desenvolvimento, lazer e conforto.
Crescimento e modernização
Nos anos seguintes, a cidade continuou a crescer. Já no mandato de 1955, novamente sob o comando de José Rodrigues Fontes, Cáceres ampliou sua rede elétrica: foram instalados 150 novos postes, quatro transformadores e 83 aparelhos de iluminação pública.
O fornecimento de energia, que antes era limitado das 9h às 15h, passou a ser ininterrupto até a meia-noite. Os motores Fairbanks Morse e MAK simbolizavam o progresso, ronronando noite adentro para iluminar as casas, as praças e os sonhos dos cacerenses.
Luz que ilumina histórias
De 1908 a 1951, Cáceres percorreu um caminho de luz e persistência. Cada geração contribuiu um pouco para que hoje a cidade viva iluminada — não apenas pelas lâmpadas modernas, mas também pelas memórias de quem acendeu, literalmente, o brilho de um novo tempo.
Fontes:
Fragmentos da História Cultural de Cáceres – Vol. I (Carlini & Caniato, 2021)
Anjo da Ventura: A Cidade e o Espelho — Acir Fonseca Montecchi; Inêz Apª Deliberaes Montecchi
Zakinews – Conheça a trajetória de José Rodrigues Fontes na vida política (22/12/2020)








Comentários