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Quando Cáceres Recebeu um Presidente dos Estados Unidos: A Visita Histórica de Theodore Roosevelt em 1914


Roosevelt e Rondon - Rondônia Além da História
Roosevelt e Rondon - Rondônia Além da História

Em um começo de tarde ensolarado, no dia 5 de janeiro de 1914, a cidade de Cáceres, às margens do Rio Paraguai, viveu um dos momentos mais marcantes de sua história. Chegava, a bordo do vapor “Nioac”, ninguém menos que o ex-presidente dos Estados Unidos da América, Sr. Theodore Roosevelt, acompanhado do lendário explorador brasileiro Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon.

A visita fazia parte da famosa Expedição Científica Roosevelt-Rondon, que tinha como objetivo explorar o interior do Brasil e mapear o então desconhecido Rio da Dúvida (mais tarde batizado de Rio Roosevelt).


Uma recepção digna de chefe de Estado

Desde as primeiras horas do dia, a população cacerense se aglomerava nas margens do rio e no alto do barranco para assistir à chegada ilustre. Segundo relatos do comandante H. Pereira da Cunha em “Viagens e Caçadas em Mato Grosso”, “ao longo de todo o alto barranco, apinhava-se quase toda a população”, e o som dos foguetes e girândolas anunciava a aproximação do navio.

No porto, estavam presentes autoridades militares e civis, a banda de música “Estudantina” e uma multidão animada, que vibrava a cada toque de corneta e rojão. Quando o “Nioac” finalmente atracou, às 5 horas da tarde, 13 salvas de dinamite ecoaram pelo ar em homenagem aos viajantes.



Vapor Nioac - Rondônia Além da História
Vapor Nioac - Rondônia Além da História

Uma cidade em festa

O acolhimento foi caloroso. À beira do rio, representantes da Câmara Municipal e da Guarnição de Cáceres prestaram homenagens formais, e o Intendente-Geral, Cel. José Costa Garcia, recepcionou Roosevelt e sua comitiva. O norte-americano, então com 55 anos, foi descrito como “de aparência robusta e forte, apesar do seu encanecimento incipiente”, trajando roupas de sertanista — chapéu, calças de campanha e botas de caçador.

Durante o percurso do porto até o centro da cidade, a comitiva passou por ruas tomadas por curiosos, que saudavam o visitante com entusiasmo. Casas foram ornamentadas com bandeiras e flores, e a banda municipal seguiu tocando em homenagem ao ilustre visitante.


Um hóspede de honra

Roosevelt foi hospedado na residência do Tenente Dr. João Salustiano Lyra, na Rua Augusta — uma das mais elegantes da cidade na época. Lá, participou de recepções e cumprimentos formais, com a presença de importantes figuras locais, como Antônio Annibal da Motta, presidente da Câmara Municipal, e oficiais do Exército e da Guarda Nacional.

Fotógrafos e cinegrafistas registraram cada detalhe, inclusive o tenente Thomaz Reis, responsável por documentar cinematograficamente a expedição. Essas imagens se tornaram preciosos registros de um encontro histórico entre o sertão mato-grossense e o mundo.


Da esquerda para direita, sentados: Zahm, Rondon, Kermit, Cherrie, Miller, quatro brasileiros, Roosevelt, Fiala. Fotografia de 1914.
Da esquerda para direita, sentados: Zahm, Rondon, Kermit, Cherrie, Miller, quatro brasileiros, Roosevelt, Fiala. Fotografia de 1914.

Partida rumo ao desconhecido

No dia seguinte, 6 de janeiro, por volta das 3 horas da tarde, o “Nioac” levantou âncoras novamente, partindo de Cáceres em direção ao Porto do Campo, onde a comitiva realizaria uma caçada de onças em homenagem aos visitantes.

Era o início de uma das mais notáveis expedições científicas do século XX, que traria fama internacional ao Brasil e a Rondon, e marcaria para sempre a história de Cáceres como o ponto de encontro entre duas nações e dois grandes exploradores.

 
 
 

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