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Santo Antônio e a “Tapagem” que Salvou Cáceres na Guerra do Paraguai


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Quando se caminha pelas ruas históricas de Cáceres, é fácil se encantar com a beleza da cidade e com o ritmo calmo do rio Paraguai. Mas, no século XIX, esse mesmo rio foi palco de medo, tensão e de um episódio que muitos cacerenses ainda contam com orgulho: o dia em que Santo Antônio teria impedido a invasão paraguaia.


Durante a Guerra do Paraguai (1864–1870), o Brasil viveu um de seus períodos mais turbulentos. Mato Grosso foi uma das primeiras províncias atacadas, e as tropas paraguaias avançaram com facilidade, tomando fortes, vilas e povoados. Corumbá, um importante entreposto comercial, caiu rapidamente. Fazendas foram saqueadas e a população viveu sob o temor de novos ataques.


A situação em Vila Maria – nome antigo de Cáceres – era de puro pânico. A cidade estava vulnerável: poucos soldados, recursos escassos e uma lembrança amarga do abandono militar que havia ocorrido em outras localidades. O avanço dos paraguaios pelo rio Paraguai poderia, a qualquer momento, alcançar a cidade.


O Pedido dos 13 Militares

Segundo a tradição oral, treze militares – liderados pelo coronel Antonio Aníbal da Motta – temendo pelo destino de suas famílias e de toda a população, fizeram um voto a Santo Antônio, padroeiro de Vila Maria. Eles prometeram que, se a cidade fosse poupada da invasão, celebrariam o santo todos os anos, em gratidão pela proteção.


A “Tapagem” Misteriosa

E então aconteceu o que muitos chamam de milagre. Quando as embarcações paraguaias tentaram subir o rio rumo a Vila Maria, uma barreira natural se formou: uma imensa “tapagem” de aguapés e camalotes bloqueou a passagem na região da lagoa Gayva. As tropas não conseguiram prosseguir, e a cidade ficou livre da ocupação.

Historiadores discutem se o bloqueio foi apenas obra da natureza ou se foi realmente a mão divina atendendo à fé daqueles homens. Mas, para a população, não restou dúvida: Santo Antônio protegeu Vila Maria.


Do Medo à Tradição

Com o fim da guerra, o voto foi cumprido. A devoção a Santo Antônio ganhou força, e, até hoje, em algumas Festas Juninas em Cáceres carregam esse sentimento histórico, misturando fé, cultura e memória.

Para quem visita a cidade, conhecer essa história é mergulhar não apenas em um episódio militar, mas em uma narrativa de fé e identidade local.


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Essa lembrança também ficou marcada na geografia urbana da cidade: a Rua da Tapagem, localizada na região central de Cáceres, recebeu este nome justamente em homenagem ao episódio histórico, eternizando na toponímia municipal o milagre atribuído ao padroeiro e a barreira natural que salvou Vila Maria.


Curiosidade histórica: alguns historiadores sugerem que a “tapagem” poderia ter sido fruto de um ciclo sazonal de vegetação flutuante comum no Pantanal, mas para muitos moradores, isso pouco importa – o que vale é que Santo Antônio salvou Vila Maria.

Fonte:

GARCIA, Domingos Savio da Cunha. Santo Antônio nos protegeu e a “tapagem” impediu os paraguaios de invadir Vila Maria. In: CHAVES, Otávio Ribeiro; ARRUDA, Elmar Figueiredo de. História e Memória Cáceres. Cáceres: Editora Unemat, 2011. p. 303.

 
 
 

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